A Rinoplastia é uma das mais antigas e tradicionais cirurgias no âmbito da cirurgia plástica, pois os cirurgiões indianos já a praticavam há dois mil anos. É um tipo de cirurgia muito notada por seus resultados, modificando sensivelmente a face do paciente.
Busca-se, através dessa intervenção, não só o resultado estético, mas uma melhor funcionalidade do nariz, com preservação dos seus elementos anatômicos nobres.
Na consulta pré-operatória é realizada uma avaliação minuciosa no nariz do paciente, onde o cirurgião, com base nas queixas, irá determinar quais aspectos são passíveis de melhora, bem como a melhor técnica a ser empregada. Além da análise estética, a função nasal é analisada de forma integral, para correção se houver algum problema.
A operação consiste na remoção ou alteração da forma dos ossos e cartilagens nasais sob a pele.
O que pode ser modificado
Virtualmente, qualquer região do nariz que apresente alguma anormalidade anatômica, com efeito antiestético, pode ser modificada. As mais comuns são:
- Dorso – Giba ou corcova nasal: o dorso nasal é a área do nariz que mais leva as pessoas a desejarem modificações. Geralmente o que o torna esteticamente desagradável é a altura excessiva, sendo rebaixado na Rinoplastia. Alternativamente, em alguns casos e tipos de nariz, onde é excessivamente baixo, pode ser aumentado com enxerto de cartilagens.
À vista frontal, a largura, simetria e conformação do dorso também influenciam a estética nasal. As bordas do dorso formam linhas, chamadas de linhas estéticas dorsais, as quais devem ser simétricas e suaves, se iniciando nas bordas mediais das sobrancelhas e terminando na ponta nasal. Na Rinoplastia, comumente o dorso é estreitado e as linhas estéticas dorsais modificadas.
- Ponta: a ponta pode ser alterada em sua definição, projeção e rotação, sendo comum que pessoas que procuram a Rinoplastia, apresentarem alterações passíveis de melhora nestes três aspectos.
Ponta nasal mal definida ocasiona uma ponta larga e arredondada, frequentemente referida como “bolinha”. A definição da ponta nasal proporciona delicadeza ao nariz, sendo gratificante do ponto de vista estético.
A falta de projeção por sua vez faz com o que o nariz tenha um aspecto “achatado” e o excesso de projeção ocasiona um nariz “pontudo” ou “pinoquiano”. A projeção pode ser aumentada ou diminuída.
Definição e projeção da ponta nasal
A rotação inadequada da ponta determina a “ponta caída”. A rotação superior ocasionará o que se chama de “arrebitamento” do nariz, o qual deve ser feito na medida certa para não ocasionar um aspecto artificial.
- Base nasal: base nasal alargada é um aspecto geralmente indesejável, frequente em alguns grupos étnicos.
Para se estreitar a largura da base nasal, é realizada uma retirada de pele na junção entre as asas, bochecha e lábio superior, e sendo estar região com sulcos naturais na pele, a cicatriz final é muito pouco perceptível.
Além do estreitamento, há melhora na forma das narinas, tornando-as mais verticalizadas, com um aspecto estético mais agradável.
- Ângulo naso-frontal (násio): é a região entre a região frontal (testa) e o nariz. Apesar de não ser um local de especial atenção pelas pessoas que procuram a Rinoplastia, sua altura e profundidade tem influência importante no aspecto final do nariz.
- Relação alar/columelar: a interrelação entre a asa nasal e o pilar central da base (columela) desempenha um papel importante na estética nasal, tanto à vista frontal quanto de perfil, sendo um dos aspectos que podem ser modificados na Rinoplastia. As retrações alares, em especial, expõem a columela excessivamente, sendo queixa comum de pessoas que procuram uma Rinoplastia.
- Nariz torto – Desvio de septo: o septo nasal é uma estrutura laminar que separa ambas as cavidades nasais, sendo constituída por osso posteriormente e cartilagem anteriormente.
Os desvios do septo nasal podem ter origem traumática, desenvolvimental ou congênita, geralmente levando a obstrução das narinas, em um ou ambos os lados, causando obstrução respiratória. É um aspecto que deve ser avaliado no pré-operatório e corrigido na Rinoplastia.
O nariz torto, tecnicamente chamado de laterorrinia geralmente é decorrente de desvios no septo nasal, sendo que a cirurgia de septoplastia ou correção de desvio de septo, além de melhorar a respiração, quando o desvio entorta o nariz, corrige o nariz torto também.
Hipertrofia de cornetos – Carne esponjosa: as conchas nasais são estruturas presentes nas paredes laterais das cavidades nasais, cuja função é aquecer e umidificar o ar inspirado. Quando a concha nasal inferior aumenta de volume, essa condição é denominada hipertrofia de concha nasal inferior, popularmente conhecida como “carne esponjosa”, o que leva a obstrução da narina afetada, com comprometimento da função respiratória nasal. É um aspecto que deve ser avaliado no pré-operatório e corrigido na Rinoplastia.
Avaliação Pré-Operatória
Tão ou mais importante que a cirurgia de Rinoplastia em si, é a avaliação adequada no pré-operatório, proporcionando um planejamento cirúrgico preciso e adequado.
Os três aspectos básicos a serem analisados são a morfologia externa do nariz, exame endoscópico das cavidades nasais e medida do fluxo aéreo do nariz.
A morfologia externa é avaliada através do exame físico, sendo que o uso de análise fotográfica do paciente com software específico contribui para fazer diversas medidas da face e do nariz, confirmando e detalhando os achados verificados no exame físico.
O exame endoscópico, ou nasofibroscopia, tem por objetivo avaliar o estado das cavidades nasais, verificando a existência de hipertrofia de conchas nasais inferiores (carne esponjosa), desvios do septo nasal ou outras alterações no interior das narinas. O exame é realizado ambulatorialmente, sem necessidade de sedação, com anestesia tópica tipo spray no interior do nariz.
A medida do fluxo aéreo do nariz é realizada através da verificação do pico de fluxo inspiratório forçado nasal, em ambas as narinas, em conjunto e separadas. A verificação é realizada com dispositivo específico durante o exame físico, quando o paciente coloca uma máscara na face e inspira com a boca fechada algumas vezes. É exame indolor e não necessita de anestesia.
Escolha do novo nariz
O paciente participa ativamente no processo de planejamento das alterações que resultarão em um novo nariz, que deverá respeitar o equilíbrio estético entre o nariz e o restante da face. Neste processo, é de grande utilidade a simulação das alterações planejadas em fotografias do paciente, com uso de software específico.
Anestesia
Pode ser usada tanto a anestesia local com sedação assistida quanto a geral. Há possibilidade de que a escolha seja feita pelo paciente, todavia com prévia ponderação de sua conveniência com a equipe cirúrgica e anestésica.
Operação
A operação dura em média 180 minutos, podendo ser prolongado de acordo com a necessidade do caso.
Piezocirurgia
Um dos temores de quem procura a Rinoplastia é o tratamento ósseo, para rebaixamento do dorso ou estreitamento do nariz, as fraturas nasais, popularmente conhecidas como “quebrar o nariz”. Modernamente se utiliza um equipamento ultrassônico para corte e desbaste ósseo, o piezo. Tal método apresenta diversas vantagens sobre o método convencional, entre elas:
- O corte e desbastamento ósseo é mais preciso;
- Tal tecnologia proporciona corte e desbastamento ósseos sem lesão de estruturas moles como músculos, vasos, nervos, mucosa nasal etc., reduzindo o risco de lesões, pois a energia utilizada é ativa somente no osso, não cortando estruturas moles adjacentes;
- O tratamento ósseo é menos traumático, sem necessidade de “marteladas”, fazendo com que o inchaço, manchas roxas e recuperação pós-operatória sejam menores.
Associação com Mentoplastia (Genioplastia ou Cirurgia Plástica do Queixo)
É comum a ocorrência de associação entre as duas cirurgias, visando um melhor equilíbrio da face. A isto se dá o nome de Harmonização Facial.
Localização da cicatriz da operação
Quando as incisões são feitas “dentro do nariz” (técnica fechada), as cicatrizes serão internas e inaparentes. Nos casos em que se optar pela técnica aberta, geralmente em que há necessidade de tratamento mais agressivo na ponta ou em casos secundários, é feita uma pequena incisão na parte inferior do nariz (columela), cuja cicatriz também se tornará quase imperceptível.
Em casos especiais, quando é necessário trabalhar com as asas nasais, fazem-se pequenas incisões entre as asas e a face, o que devido à sua localização tornam-se quase imperceptíveis dentro de poucas semanas.
Período de internação
O período normal de internação é de um dia. Em casos selecionados em que a cirurgia é menos extensa, poderá ser de 12 horas.
Normalmente a operação é pouco dolorosa, sendo essas dores facilmente combatidas com analgésicos comuns.
Período de Recuperação
É variável de pessoa para pessoa, mas em média, gira em torno de 7 a 14 dias. A partir daí o paciente começa a ter condições para trabalhar, ainda que com restrições.
Retirada de Pontos
Em média do 5º ao 7º dia.
Uso de Tampão
O uso de tampões no pós-operatório foi um fator de temor pelos pacientes no passado, não tendo sido incomum algumas pessoas desistirem de submeter-se a uma Rinoplastia por conta dos tampões. Os tampões têm por função controlar o sangramento pós-operatório, bem como impedir aderências no interior das narinas. Modernamente, os tampões utilizados são splints nasais de silicone com um tubo oco acoplado, sendo assim o paciente tem o benefício do uso do tampão, com maior segurança no pós-operatório, porém sem o inconveniente de ficar com as narinas totalmente obstruídas, pois os tubos acoplados aos splints permitem a passagem de ar e a respiração nasal. Normalmente os plints permanecem por 2 semanas.
Curativos
Após o término da cirurgia o nariz é imobilizado com uma tala plástica moldada ao redor do nariz, que deve permanecer por 7 dias, período após o qual é retirado no consultório. Ele é importante para a 1ª fase de modelagem do nariz.
Posição para dormir
Nos primeiros dias, sempre com a cabeça em posição discretamente elevada, mantendo a face voltada para cima (nunca lateralmente).
Retorno às atividades esportivas
Pacientes submetidos a Rinoplastia podem retornar às atividades esportivas depois de decorridos 30 dias da cirurgia. Os esportes de impacto deverão ser reiniciados somente 60 dias após a cirurgia. Observar restrição à exposição solar.
A respiração após a cirurgia
Sempre que possível, a Rinoplastia procura melhorar as condições respiratórias do paciente, quando essas já são precárias no nariz original, pois, na maioria das vezes, esses problemas se devem ao desvio de septo e hipertrofia das conchas nasais inferiores (carne esponjosa), que são corrigidos no mesmo ato cirúrgico, sendo um procedimento inerente ao trabalho do cirurgião plástico.